A reportagem de A TARDE percorreu, em Salvador, a Avenida Sete e os bairros do Canela, Garcia, Campo Grande, Comércio, Ondina e Pituba, encontrando todas as agências do BB, BNB e CEF fechadas. O movimento na maioria dos bancos privados, no entanto, era normal, à exceção de agências localizadas no Comércio, caso de algumas do Bradesco e do Banco Real.
Apesar da paralisação, a maioria dos serviços bancários poderá ser realizada em caixas eletrônicos e casas lotéricas. Mas a falta de informações causa confusão. O vestibulando Jorge Luís Vila Flor estava preocupado, ontem, por não saber exatamente como fazer a sua inscrição para a Universidade Federal de Pernambuco. “Vai atrapalhar na hora de pagar o boleto da inscrição. Acho que pode ser feita no caixa eletrônico, mas eu não sei fazer”, revelou o estudante, que quer concorrer a uma vaga em medicina.
A decisão de greve por tempo indeterminado foi tomada na noite de quarta-feira, em assembleias realizadas em todas as capitais do País. Nas reuniões, foi rejeitada a proposta de reajuste salarial oferecida pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). A categoria soma 465 mil bancários no País.
Reivindicações - “A lucratividade dos bancos é sempre alta, mas eles não querem repassar isso para os trabalhadores”, afirmou Euclides Fagundes, presidente do sindicato da categoria, na Bahia. Os trabalhadores pedem um reajuste de 10%, enquanto o patronato ofereceu apenas 4,5%. “A proposta deles só cobre as perdas da inflação”, reclamou o sindicalista.
Os bancários rejeitam ainda uma mudança na regra de cálculo da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). A proposta da Fenaban é trocar o valor máximo da PLR para 5,5% sobre o lucro do banco, em vez de um máximo de 15% sobre o crescimento do lucro em relação ao ano anterior, que era a regra que estava em vigor . “Os banqueiros têm uma posição desrespeitosa com os bancários. É entristecedor ouvir uma proposta dessas”, opinou o presidente da Associação de Pessoal da Caixa Econômica Federal, Moacir Carneiro.
Os bancários alegam que somente a mudança defendida pelos banqueiros para os repasses da PLR resultaria em perda de até R$ 1,2 bilhão nas gratificações dos trabalhadores do setor, em todo o País e somando os valores de todos os bancos. “É a falta de reconhecimento do nosso trabalho. Nós conseguimos aumentar o lucro dos bancos e eles reduzem nossa participação”, opinou o funcionário da Caixa Eduardo Oliveira.
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