EMAA - Educação, Meio Ambiente e Administração: Salvador ignora lei e não controla qualidade do ar

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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Salvador ignora lei e não controla qualidade do ar

Com uma das maiores frotas de veículos automotores do Brasil, superior a 700 mil unidades (dados de setembro da Transalvador), a capital baiana desconhece o grau de concentração de poluentes emitidos na sua atmosfera. As autoridades não realizam o monitoramento do ar, procedimento exigido por lei federal para municípios com população acima de 500 mil habitantes. Nos últimos três anos, mais 120 mil veículos passaram a circular na cidade, com cerca de 3 milhões de habitantes.
Um estudo feito por Arthur Rosenfeld, da Comissão de Energia da Califórnia, aponta que um carro emite em média quatro toneladas de CO2 na atmosfera a cada ano. Assim, os 120 mil novos veículos que entraram em circulação em Salvador desde 2007 significam a emissão de 480 mil toneladas de gás carbônico a cada 12 meses.

A queima de combustível fóssil é a principal fonte poluidora, segundo a literatura científica. A bioquímica Nelzair Vianna alerta para o material particulado (poeira) emitido pelo diesel, “maior fonte emissora de partículas”. As partículas, quando bem finas, com medidas de 2,5 micrômetros de diâmetro, diz a bioquímica, podem chegar à corrente sanguínea, a partir dos pulmões, e ocasionar problemas cardiovasculares.
Nelzair  fez um dos poucos estudos existentes sobre a qualidade do ar da cidade, com conclusões preocupantes. Em 2007, ela realizou um biomonitoramento, por 45 dias, a partir da colocação de bromélias em sete pontos da cidade: Comércio, Dique do Tororó, Brotas, Barra, Pituba, Beira Mangue (subúrbio) e Stella Maris.

O estudo constatou alta concentração de metais dentro das partículas encontradas nas plantas. Entre eles, metais pesados de alto risco para a saúde humana, como chumbo e cádmio.
Além da composição perigosa, as partículas encontradas apontam para outro risco de mesma ou maior gravidade: no mínimo 60% das partículas captadas pelas plantas tinham medidas menores que 10 micrômetros. “As partículas trazem efeitos agudos e crônicos nas vias respiratórias. Podem agravar uma crise de asma, por exemplo”, diz a pesquisadora.

A especialista alerta que hoje não se sabe qual é a concentração de material particulado – inclusive das partículas finas com medidas menores que 2,5 micrômetros de diâmetro – na atmosfera local. Em 2007, 2008 e no ano passado, Nelzair realizou medições no Carnaval, com um dispositivo capaz de identificar a quantidade de material particulado do diesel dos trios elétricos, carros de apoio, caminhões de lixo e ônibus urbanos nos circuitos da folia.

Foi verificada alta poluição, com picos de concentração de poeira chegando a 800 microgramas por metro cúbico de ar, quando o limite permitido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é entre 25 e 50 microgramas.

Fonte: Jornal A Tarde

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